Restaurantes de Curitiba apostam no "Big Brother" contra assaltos

Arrastões de assaltos em Curitiba estão longe de serem novidade. Desde o 2º semestre de 2015 foram pelo menos 25 ocorrências desse tipo na Capital. Agora, no entanto, os criminosos parecem ter encontrado uma “vertente” mais rentável de atuação e estão visando restaurantes e bares da cidade. Somente nos primeiros dias de abril foram duas ocorrências desse tipo. Para conter a crescente criminalidade, os estabelecimentos apostam numa espécie de “Big Brother” em parceria com as polícias Militar e Civil e a Guarda Municipal.

De acordo com as seccionais Paraná da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), está havendo um estreitamento no relacionamento do empresariado com as forças de segurança. Com isso, uma série de medidas que visam proteger o patrimônio, os funcionários e os clientes dos estabelecimentos já começam a ganhar vida.

“A Abrasel está preocupada com isso (insegurança). Já há algum tempo desenvolvemos o projeto Ambiente Seguro, que é uma parceria com a PM. Contratamos uma empresa de monitoramento que instala câmeras linkadas diretamente à Sesp e instalamos botões de pânico que a PM chega em menos de 5 minutos em caso de acionamento”, afirma Jilcy Mara Joly Rink, presidente da Abrasel-PR. “Além disso, estamos treinando nossos funcionários para que saibam lidar com essas situações e não cometam erros que levam a acidentes fatais”, complementa.

A Abrabar, por sua vez, informou por meio de nota divulgada por seu presidente, Fábio Aguayo, que também irá compartilhar ao vivo e simultaneamente as imagens de câmeras de segurança dos estabelecimentos e ainda recomendou que os empresários adotem outras meddias de segurança.

“Recomendamos a contratação de reforço ou colocação de pessoas de controle de acesso para quem não possui ninguém na entrada do estabelecimento para dar a mínima sensação de segurança. Também vamos de novo pedir o reforço da atenção da Sesp e reativar/ratificar as ações preventivas com a ajuda de todos: Governo Estadual/Municipal, Sociedade Civil, iniciativa privada e cidadãos”.

Em migração

Até o começo deste ano, o alvo majoritário dos bandidos quando realizavam arrastões era o transporte coletivo. Desde julho do ano passado foram 13 casos noticiados pela imprensa curitibana em ônibus, pontos de ônibus e terminais da cidade, sendo que um único caso envolvendo restaurantes foi registrado em 2015: na noite do dia 29 de julho, quatro criminosos invadiram um restaurante de comida japonesa no bairro Vila Izabel e anunciaram assalto. Um investigador da Polícia Civil que jantava com a namorada tentou reagir, mas acabou sendo baleado no peito e morreu na hora.

No começo deste ano, porém, o cenário mudou. Desde o final de fevereiro foram pelo menos três ocorrências, a primeira registrada no dia 26 de fevereiro em um restaurante no bairro Juvevê. Quatro homens bem vestidos e armados levaram até as alianças dos clientes. Já no dia 1º de abril, o alvo foi um restaurante no Batel, mas desta vez os criminosos levaram a pior, já que alguns policiais que estavam na frente do restaurante se passando por clientes reagiram, matando um dos bandidos, baleando outros dois e prendendo o quarto.

Por fim, na noite do último domingo, três criminosos armados com revólveres e pistolas calibre 12 entraram no restaurante Madero do Cabral, em Curitiba. Eles renderam todos que estavam no local e exigiram a entrega de celulares, joias, relógios e o dinheiro do caixa.

Para Jilcy Mara Joly Rink, a alta no índice de criminalidade é mais um reflexo da crise que o país atravessa. “Esses problemas de assaltos e arrastões vem se intensificando em nível de Brasil. É a crise econômica, que reflete em todos os setores. Pessoas desesperadas são capazes de atitudes desesperadas. Então temos criminosos que são criminosos e pessoas que estão desesperadas e tomam atitudes que não costumariam tomar”, opina.

[Fonte: Bem Paraná]